segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

SUS vai distribuir oito fitoterápicos em 2010


Época - 03/12/2009 - 15:47 - Laura Lopes



SUS vai distribuir oito fitoterápicos em 2010



Alcachofra, isoflavona da soja e unha de gato são utilizados em alguns dos medicamentos feitos a partir de plantas medicinais que os médicos da atenção básica de saúde terão como opção para prescrever aos pacientes


Prisão de ventre? Cáscara sagrada. Dores abdominais por problemas no fígado ou bile? Alcachofra. Gastrite? Espinheira santa, é tiro e queda. O uso terapêutico de plantas e ervas na cura de males da saúde não é novo. Mas o Sistema Único da Saúde (SUS) bancar medicamentos fitoterápicos é algo bem recente. A partir do ano que vem, os postos de saúde de 13 Estados terão oito fitoterápicos à disposição para serem prescritos pelos médicos da rede pública. "Os fitoterápicos são uma opção de origem vegetal. Com eles, pesquisas mostram que a possibilidade de efeitos adversos é menor", diz José Miguel do Nascimento Júnior, diretor do departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde (MS). Eles serão financiados com a verba que já é usada para a compra dos medicamentos da atenção básica – R$ 8,82 por habitante/ano, o que soma R$ 1,76 bilhão.


A alcachofra é uma das plantas medicinais usadas nos seis novos medicamentos fitoterápicos financiados pelo SUS



São seis os novos medicamentos – dois fitoterápicos (espinheira santa e guaco) já haviam sido introduzidos no SUS em dezembro de 2007– apresentados em forma de xaropes, cápsulas, comprimidos, gotas ou pomadas. Alcachofra, aroeira, cáscara sagrada, garra do diabo, isoflavona da soja e unha de gato, todos testados e com comprovação científica de sua eficácia (confira para o que são usados no quadro abaixo). A inclusão dos seis novos fitoterápicos faz parte do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, concluído e formalizado em 2008. "A discussão da fitoterapia no SUS é anterior ao próprio programa. Vários municípios brasileiros têm experiências de fornecimento de plantas, chazinho, acupuntura e outras terapias", afirma Nascimento Júnior.




A cáscara sagrada é ótima no combate à prisão de ventre



O Conselho Federal de Medicina aprova a iniciativa do ministério. Agora, é importante que os médicos saibam como prescrever os novos medicamentos disponíveis, procurando cursos de especialização em prescrição fitoterápica. "Essa opção terapêutica requer, para quem prescreve e para quem usa, a mesma cautela do medicamento tradicional", afirma Nascimento. Segundo o diretor do MS, os fitoterápicos são eficazes e seguros e uma alternativa terapêutica tanto quanto um medicamento sintético. "Até porque muitos sintéticos são derivados de plantas, como a digoxina (usada para tratamentos cardíacos)."


O governo pretende, com a ampliação do programa, dar mais opções à base de plantas medicinais para a população. Os Estados não são obrigados a oferecer todos os medicamentos, como já acontece com a lista de fármacos da atenção básica. Cada secretaria estadual e municipal de saúde deve definir aqueles que serão distribuídos na rede pública de saúde, de acordo com a necessidade de cada região. Além de fornecer, a intenção é aumentar o número de fitoterápicos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "O programa visa ao estímulo da produção local, à geração de emprego e renda do produtor, à fixação do homem no campo e até à substituição de culturas, como do fumo pelas plantas medicinais", afirma Nascimento. A Alemanha, ele conta, tem nos fioterápicos uma opção muito forte e tradicional. Aquele país exporta modelos e inspira. "Seu sistema de saúde é muito bem calcado na questão dos fitoterápicos", diz.

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